Com passagens por grandes clubes do Brasil, Estados Unidos, Alemanha e atualmente no futebol iraquiano, Lucas Turci transforma sua trajetória de fé e superação em um legado que vai além das quatro linhas.
Tudo começou com um gesto simples, mas marcante. “Cadê o meu gol, filho?”, pediu o avô José Turci, já fragilizado pelo câncer, enquanto assistia ao neto cobrar um escanteio. Minutos depois, o pequeno Lucas balançou as redes e correu em sua direção. Foi mais do que um gol: foi o nascimento de um propósito.
Natural da zona leste de São Paulo, Lucas cresceu entre campos de terra, sonhos altos e o apoio incansável da família, em especial do avô, que exerceu também o papel de pai e fez questão de acompanhá-lo nos treinos, mesmo debilitado. “Ele não viu meu sonho se realizar, mas tudo o que faço é para honrar o que ele representou na minha vida”, lembra.
A caminhada profissional teve início no São Paulo FC, onde chegou por indicação de um professor do bairro. Em seguida, vieram Corinthians, Santo André, São Caetano e o embarque para a Alemanha, onde conquistou títulos e amadureceu dentro e fora de campo. Depois, os Estados Unidos pelo Memphis 901 FC e agora o Oriente Médio, onde defende o Duhok SC e acaba de conquistar um título inédito na Gulf Club Champions League, superando equipes como o Ettifaq, da Arábia Saudita.
A adaptação ao Iraque surpreendeu. Em meio a uma cultura completamente nova, Lucas encontrou acolhimento, tranquilidade e uma conexão espiritual profunda. “Quando a proposta chegou, muita gente estranhou. Mas orei com minha esposa e senti paz. Tínhamos convicção de que era plano de Deus”, conta.
Consistência, técnica e entrega
Canhoto, zagueiro de origem, Lucas é reconhecido por sua leitura tática, força no jogo aéreo e qualidade nos passes. Sua versatilidade já o levou a atuar como volante, lateral e até camisa 10, um reflexo do seu comprometimento com o grupo e entendimento de jogo.
Entre as principais conquistas estão a Copa de Berlim, na Alemanha, e o título continental com o Duhok. Individualmente, já foi eleito melhor em campo diversas vezes. Mas para ele, o maior reconhecimento é outro: “Poder ser um instrumento de Deus por meio do futebol é o troféu que mais carrego no coração.”
Futuro com propósito
O próximo passo? “Quero continuar crescendo, conquistando meu espaço, títulos, e quem sabe voltar a jogar no futebol brasileiro, na Série A ou B”, projeta. Mas logo completa: “Acima de tudo, quero viver os planos de Deus. O futebol é a minha missão, mas minha vocação é levar esperança onde quer que eu esteja.”
Para quem sonha alto
Lucas costuma dizer que nenhum caminho é fácil, e que isso faz parte. “Se Deus colocou um sonho no seu coração, Ele mesmo vai te fortalecer para realizá-lo. As lutas são etapas da preparação. Mantenha o foco, seja grato e não desista.”
Lucas Turci é mais do que um jogador. É um lembrete de que fé, trabalho e humildade podem transformar não apenas uma carreira, mas vidas ao redor. E, pelo que tudo indica, sua história ainda está longe de terminar.